
"Quando eu era um jovem, travei conhecimento com uma mulher surpreendente: ela era dotada de uma grande beleza e parecia dotada duma gentileza a toda a prova.
Encontrávamo-nos frequentemente e rapidamente decidimos viver juntos.
Tudo correu pelo melhor no melhor dos mundos: levantava-me de manhã para lhe preparar o pequeno-almoço, e à noite ela enchia-me de doçura, trocávamos ideias e falávamos sobre tudo o que tínhamos feito durante o dia.
Assim que estivemos separados, telefonávamo-nos muito um para o outro. Nada dizíamos de importante a não ser que nos amávamos muito e tínhamos confiança um no outro.
Nunca tivemos uma discussão e parecia que o nosso amor ia durar eternamente.
Pela primeira vez na minha vida, eu resplandecia felicidade: um estado vivido conscientemente.
Plenamente satisfeito com a minha situação, comecei a levantar-me mais tarde, a relaxar-me e a não preparar o pequeno-almoço.
À noite, a minha companheira estava sempre muito cansada para me acarinhar.
Quando chegávamos do trabalho, não ligávamos o televisor ou debruçávamo-nos cada um na sua leitura, mas nenhuma palavra era pronunciada.
Seguramente, que eu estava a aperceber-me do que se passava, mas não tinha dúvidas sobre o laço forte que nos unia. Nós tínhamos jurado felicidade e eu não me esquecia as palavras doces que trocámos no início da nossa relação.
Eu dizia a mim próprio:"Depois de tudo, eu não tenho nada a provar-lhe, ela sabe que a amo. A nossa relação é eterna."
Um ano depois do dia do nosso encontro, passávamos mais tempo com os nossos amigos, do que juntos.
Um ano e meio depois, não íamos ao cinema ver os mesmos filmes.
Dois anos depois já não fazíamos amor a não ser uma vez por mês.
Dois anos e 5 dias depois, quando cheguei do trabalho, encontrei um bilhete na mesa da cozinha:"Nós falámos muito e fizemos muito pouco."
Ela foi-se embora e nunca mais a vi. Foi o meu primeiro e verdadeiro desgosto de amor e a minha primeira e forte lição nesta área.
Nós não nos contentamos com palavras amorosas, mesmo que sejam sussurradas ao ouvido. O Amor só vive de provas e actos.
Não deixe que o tempo vos apanhe e saiba que nada é adquirido, sobretudo quando se pensa numa relação séria.
O melhor no amor é a fidelidade, porque é também o mais raro sentimento e que exige de nós mais esforço. Não o abandoneis e sereis felizes a dois.
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"O amor é a única coisa que não temos em abundância e aquela que não damos com fartura."
Nídia Solange