
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou seta de cravos que propagam o fogo: 
amo-te como se amam certas coisas escondidas, 
secretamente, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores, 
e, graças ao teu amor, vive oculto em meu corpo 
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho: 
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha, 
tão perto que teus olhos se fecham com meu sono.
 

 
 
 
 
 
 
 

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