**"Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante para mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível, e que esse momento será inesquecível." Fernando Pessoa**

terça-feira, 17 de abril de 2007

Quase...






“QUASE”

Ainda pior que a convicção do não,
E a incerteza do talvez,
É a desilusão do quase!
É o quase que me incomoda,
Que me entristece,
Que me mata trazendo tudo
Que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades
Que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas ideias que nunca sairão do papel
Por essa maldita mania de viver no Outono.
Pergunto-me, ás vezes,
O que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor,
Está estampada na distância
E na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença dos “bom dia”,
Quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta de coragem
Até para ser feliz.
A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos
Para decidir entra a alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados
E o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina,
Não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio
Que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia
A duvida da vitória
E desperdiçar a oportunidade
De merecer.
Para os erros há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio
Ou economizar a alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor
Não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,
Que a rotina acomode,
Que o medo o impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque,
Embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.
Luis Fernando Verissimo


“Amigos são anjos que nos levantam pelos pés quando as nossas asas não se lembram como se voa.”

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