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**"Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante para mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível, e que esse momento será inesquecível." Fernando Pessoa**
sábado, 24 de novembro de 2012
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Dar sentido ao sofrimento
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"Um rei tinha um vizir muito sábio, cujo sentido de justiça
era muito apreciado pelo povo. Muita gente o procurava para lhe pedir conselhos
que ele dava com bondade e bom senso. Um particularmente era fatídico, fosse
qual fosse a situação: “Lembre-se de que pode ter sido para o seu bem!”
Um dia o rei teve um acidente e perdeu um dedo. Ficou extremamente
infeliz com a situação e foi ver o seu vizir, amigo de longa data, confiante de
obter ajuda. Indignado e triste com o sucedido, o rei contou ao vizir o
acidente que tivera. O vizir escutou-o com bondade, disse-lhe algumas palavras
de conforto e por fim acrescentou, como de costume: “Majestade, lembre-se de
que pode ter sido para o seu bem.”
Essa era a ultima coisa que o rei queria ouvir. “O quê?! Depois
de te ter contado o acidente de que fui vitima, tu ousas dizer-me uma coisa
dessas? Estás a zombar de mim, ou perdeste o juízo?” E a sua fúria foi tão
grande que mandou prender o vizir.
O tempo passou e, alguns meses depois, o rei foi a uma
caçada com os seus criados. Durante a caçada, o grupo foi atacado por uma tribo
de canibais que mataram os criados e capturaram o rei. Levaram-no para a aldeia
e começaram a preparar o ritual de oferenda aos deuses. Quando a água do caldeirão
já estava a ferver, trouxeram o rei. Ao prepará-lo para o sacrifício,
descobriram que lhe faltava um dedo. Como não estava completo, não servia para
o ritual e foi libertado.
A caminho do palácio, o rei não cabia em si de contente. “O
meu amigo vizir é que tinha razão! Como é sábio e bondoso! Estou tão
arrependido por tê-lo mandado prender! Que injustiça! Tenho de ir vê-lo e
pedir-lhe perdão o quanto antes.”
Logo que pôde, o rei foi à prisão, entrou na cela do vizir,
pegou-lhe nas mãos e disse-lhe efusivamente: “Meu bom amigo, sinto-me tão
arrependido por te ter mandado prender! O meu ato é tão condenável! Não sei se
alguma vez me perdoarás. Nem tu sabes como tinhas razão naquilo que me
disseste!” E contou-lhe a história.
O vizir escutou-o com bondade e no fim disse: “Majestade, não
se atormente, talvez tudo isso tenha sido para o meu bem!” O rei não queria
acreditar nos seus ouvidos. “O quê?! Como é que depois de tudo o que passaste e
da injustiça de que foste alvo ainda consegues achar que foi para o teu bem?”
“Majestade, repare bem: se eu não estivesse preso, teria ido
à caçada consigo!”
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